Maria José Campos, coordenadora científica do CheckpointLX - um centro de rastreio de infeção pelo VIH destinado a homens que têm sexo com homens (HSH)
O Impacto do VIH
Homens que têm sexo com Homens
Introdução
No contexto global da epidemia do VIH/SIDA, é significativo o grupo dos Homens que têm sexo com outros homens (HSH) porque envolve sexo anal, uma prática sexual que, quando nenhuma proteção é usada, implica um risco elevado de transmissão pelo VIH, mais do que a prática de sexo vaginal desprotegido.
Historicamente, a SIDA foi descoberta entre jovens gays assumidos, nos Estados Unidos da América e, durante nos últimos 30 anos, são consistentes os níveis de infeção de VIH nesta população em muitas zonas do globo.
As ONG's que representam os HSH têm desempenhado um papel muito ativo na resposta a esta infeção, é o caso, por exemplo dos EUA e do Brasil, em que muito têm feito para chamarem a atenção para este problema, não só disponibilizando serviços específicos para evitar novas infeções como para ajudar aqueles que já estão infetados. Pressionar os governos para que os direitos humanos vigorem sobre esta população, é o esforço que se destacou, principalmente, no Brasil, de um grupo de homens assumidamente gays nos primeiros anos da infeção.
Em muitos países, no entanto, os HSH são menos visíveis pois o sexo com outros homens é estigmatizado, oficialmente negado e criminalizado. Isso é um facto constado e provado que estas ações contribuem para uma maior vulnerabilidade à infeção pelo VIH, pois torna quase impossível, conseguir chegar até esta população campanhas e ações de prevenção ao VIH e as outras IST's. Em lugares onde a homossexualidade não é aceitável, os HSH, muitas vezes, escondem-se dos seus amigos e das suas famílias para evitar perseguições. Muitos são casados e com compromissos assumidos e isso pode significar a transmissão do VIH às suas parceiras, caso estejam infetados.
Homens que têm sexo com outros homens e não homossexuais ou gays, porquê? (clique e saiba a razão)
De acordo com a terminologia da UNAIDS publicada em Outubro de 2011, aplica-se o termo Homens que têm sexo com outros homens (HSH) independentemente de terem ou não relações sexuais com mulheres ou ter uma identidade pessoal ou social gay ou bissexual.
Este conceito é útil porque ele também inclui homens que se autoidentificam como heterossexuais, mas fazem sexo com outros homens. No entanto, as abreviaturas devem ser evitadas sempre que possível. É preferível, escrever o termo.
A infeção pelo VIH pelo Mundo
A situação relativa aos HSH em diferentes regiões do globo é afetada por muitos e diversos fatores tanto de âmbito social, como legais e culturais. Embora, as regiões sejam extensas no mapa abaixo, existem tendências da epidemia entre HSH que são específicas em determinadas regiões. Vejamos:
Europa, América do Norte e Oceania »
Europa, América do Norte e Oceania
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Mais pessoas têm vindo a infetarem-se através de relações sexuais não protegidas nos HSH do que em qualquer outra população. Nos EUA, um estudo revelou que 1 em cada 5 HSH foram infetados pelo VIH. As estatísticas oficiais deste país mostra que a taxa de novas infeções entre os HSH é 44 vezes superior do que em qualquer outro grupo populacional. Neste país, os jovens têm sido identificados como os mais vulneráveis à infeção. Aqueles que se encontram entre os 13-24 anos têm 10 vezes mais probabilidade de se infetarem do que a população em geral. Em Portugal são apontadas prevalências auto reportadas entre os 7,7% e 10,2%. |
Médio Oriente e Norte de África »
Médio Oriente e Norte de África
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O conhecimento da epidemia pelo VIH nesta parte do mundo entre HSM é escasso. Existe uma sobreposição muito forte entre HSH e outros grupos mais vulneráveis, como por exemplo, os Utilizadores de Drogas Injetáveis e os Trabalhadores do Sexo. O uso consistente do preservativo, é abaixo dos 25% e é particularmente, mais baixo, em locais de recursos limitados. As razões podem ser várias, pode ser devido à falta de conhecimento de que os preservativos podem ser usados como medida de prevenção ou mesmo a dificuldade de ter acesso aos mesmos. No entanto, iniciativas preventivas têm vindo a crescer entre HSH hijras que são trabalhadores do sexo, no Paquistão. |
África Subsariana »
África Subsariana
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Por toda a África, os HSH têm uma probabilidade quase 4 vezes maior de se infetarem pelo VIH do que a população em geral. Esta região não é, geralmente, associada à transmissão do VIH por via sexual entre homens mas tem crescido evidência que a transmissão por esta via é significativa. Estudos em homossexuais africanos e outros HSH têm mostrado que o sexo anal desprotegido é uma prática comum. No Quénia, um país, onde a homossexualidade é ilegal, a prevalência do VIH atingiu um valor de 43% entre alguns grupos de HSH. Também, na África do Sul, onde o sexo entre homens é legal, a prevalência do VIH está entre os 20% e os 40% em alguns lugares. |
Europa Oriental e Ásia Central »
Europa Oriental e Ásia Central
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Esta região tem sido muito criticada por não incluir HSH nas investigações. Esta falta de conhecimento é, potencialmente, causada pelo estigma da homossexualidade em países pós-comunistas. No entanto, pequenos estudos entre HSH indicam que a prevalência do VIH atinge os 5% na Georgia, 6% na Rússia e 23% na Ucrânia. |
América Latina »
América Latina
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O sexo entre homens é a principal via da transmissão pelo VIH e representa cerca de metade das infeções. Brasil, México e o Perú têm feito progressos significativos no conhecimento e no combate a esta epidemia neste grupo específico. Em muitos outros países isso é ignorado e negado pelas autoridades. A prevalência do VIH em algumas cidades da Colômbia, varia entre 10% e os 25%. |
Sul, Este e Sudeste da Ásia »
Sul, Este e Sudeste da Ásia
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A epidemia pelo VIH nesta região do mundo, tem crescido entre os HSH. Tal como Peter Piot declarou um dia: "Aquilo que estamos a assistir hoje em dia na Ásia em termos de concentração de VIH entre os HSH, faz-me lembrar o que se assistiu nos Estados Unidos, na Europa Ocidental e na Austrália nos anos oitenta."
Taxas elevadas de prevalência entre os HSH em alguns países chegaram aos 18%, como foi o caso de algumas cidades da India; 29% em Myanmar e 31% em Bangkok na Tailândia – estes números dão uma ideia de que os números devem ser bastante superiores aos encontrados nesta população em alguns locais específicos. |
Embora os números apresentados deem uma ideia do impacto do VIH entre os HSH pelo mundo, os dados são ainda extremamente escassos em muitos países. Isto acontece, principalmente, porque os HSH não têm ainda identidade social diferenciada e, são, contados como parte da população em geral. Outra preocupação é a relutância dos governos em reconhecer os HSH e, por consequência, em monitorizá-los. Tem sido sugerido que em locais onde os HSH são um grupo, particularmente, estigmatizado, os governos e as Organizações não-governamentais se unam pois é a forma mais eficaz de chegar até esta população.
Outro fator que enviesa as estatísticas é que nem sempre é possível saber como é que um homem se infetou. Se ele tem relações sexuais também com mulheres, pode muito bem reportar que o VIH lhe foi transmitido pela mulher (ou mesmo que ele só tenha relações sexuais com homens, pode mentir com medo de ser estigmatizado). Isto pode, definitivamente, distorcer os números.
A partir da informação disponível, é claro que o VIH é um peso pesado para os HSH em todo o mundo. Mas porquê? Para responder a esta pergunta precisamos olhar para os fatores que colocam esta população em risco.
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