Para a Comunidade
Unidades de Saúde
As unidades de saúde, deveriam, supostamente, ser lugares de cura em vez de lugares onde a dor ainda se torna mais insuportável em pessoas, já de si em condição de desvantagem. "Não se afastam fisicamente os seropositivos, nem há expressões de nojo, mas nas atitudes essa discriminação existe, tal como existia quando o vírus foi identificado à trinta anos atrás." Coordenador do projeto Centro Anti Discriminação VIH/SIDA, Dr. Pedro Silvério Marques Outro local onde a discriminação é muito comum é nos consultórios dos dentistas, que, frequentemente, recusam tratar as pessoas que vivem com o VIH, justificando-se com a proteção dos mesmos e dos restantes pacientes. Os procedimentos de esterilização são universais e quando aplicados, previnem a transmissão pelo VIH. Senhor doutor, senhor enfermeiro, esta informação é para si: As ações discriminatórias acontecem por variadíssimos fatores, muitas vezes a razão não está só num único fator mas sim em vários. Um dos principais fatores que contribui para este fenómeno, é os profissionais de saúde, estarem na posse de informação errada e/ou insuficiente, desconhecendo por completo, os direitos dos doentes, os seus hábitos e cultura. e o tratamento de muitas doenças. Tudo isto pode provocar o medo de contrair certas doenças e/ou infeções, medo esse que, muitas vezes, é exacerbado pelas crenças erradas e pelos juízos de valores que todos temos. E, também, pelos recursos inadequados ou inexistentes que deveriam assegurar o controlo e a prevenção eficaz da infeção pelo VH. Também os ambientes de trabalho "carregados" de stress aliados à falta de condições e de segurança, potenciam o estigma e a discriminação. E o mesmo acontece com as atitudes que prevalecem nas comunidades de onde estes profissionais provêm. Por fim, as leis que criminalizam certos comportamentos podem levar à violação dos direitos dos doentes, como é o caso, por exemplo, da confidencialidade, por parte dos profissionais de saúde. A proteção legal
A Lei 46/2006, proíbe e pune a discriminação em razão da deficiência e da existência de risco agravado de saúde, isto significa que, o Estado Português, protege e defende qualquer cidadão quando lhe recusem ou o limitem no "acesso aos cuidados de saúde prestados em estabelecimentos de saúde públicos ou privados." O princípio geral é que os dados pessoais deverão manter-se privados. Mesmo quando partilhados, dentro do sistema de saúde, com outros elementos da equipa que também prestem apoio clínico, o que só é permitido para tomar decisões sobre o tratamento a definir e com a supervisão do médico assistente, conforme o disposto no artigo n.º 5, ponto 5: "O processo clínico só pode ser consultado por médico incumbido da realização de prestações de saúde a favor da pessoa a que respeita ou, sob a supervisão daquele, por outro profissional de saúde obrigado a sigilo e na medida do estritamente necessário à realização das mesmas, sem prejuízo da investigação epidemiológica, clínica ou genética que possa ser feita sobre os mesmos, ressalvando-se o que fica definido no artigo 16.º". Os rececionistas e outros funcionários administrativos podem ter acesso a notas médicas como parte do seu trabalho, mas estão sujeitos aos deveres de sigilo profissional não podendo, em caso algum, discutir o seu estatuto serológico para o VIH publicamente ou com qualquer outra pessoa, mesmo da equipa médica. Viver e tratar quem vivem com o VIH Para reforçar e complementar a formação aos profissionais de saúde e às pessoas que vivem com o VIH, deverão ser feitas alguns ajustes estruturais nas instalações das diversas unidades de saúde de modo a prestar qualidade no tratamento e criar um ambiente anti discriminatório para as pessoas que vivem com o VIH e/ou com SIDA. São eles:
Os responsáveis pela definição das políticas, porque são quem tem de prestar contas pela concretização e proteção do direito à saúde, têm uma responsabilidade muito especial na eliminação de toda a discriminação no sector da Saúde e em garantir que os direitos dos doentes são respeitados. Os decisores políticos dos vários ministérios, incluindo a saúde, finanças, justiça e educação (porque devem garantir que os direitos humanos e os direitos dos doentes são incluídos nos currículos escolares), bem como os deputados, autarcas e outros responsáveis locais, têm um papel a desempenhar. |
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