Para as Pessoas que vivem com o VIH
O que é o VIH? A SIDA? Há cura?
Vírus da imunodeficiência humana (VIH) destrói as células do sistema imunitário do indivíduo infetado, tornando o organismo vulnerável a infeções e tumores, com elevada mortalidade. O estado avançado da infeção, com perda acentuada das células protetoras do sistema imunitário (linfócitos TCD4+) é classificado como de síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA).
O desenvolvimento de infeções e tumores, no estádio avançado da imunodeficiência, tais como a tuberculose e o sarcoma de Kaposi, de entre muitas outras doenças oportunistas, designa-se, também, de SIDA.
São conhecidos dois tipos de VIH, o 1 e o 2, que têm características próprias, incluindo a sua virulência para o sistema imunitário (VIH-1 é mais agressivo que o VIH-2). Portugal é o país da Europa com maior número de casos de infeção por VIH-2, devido às relações históricas com alguns destes países (Cabo Verde e Guiné-Bissau) do continente africano. Diferenças entre VIH-1 e VIH-2 Ambos são responsáveis pela SIDA e têm as mesmas vias de transmissão. As diferenças mais importantes entre eles são:
- VIH-1 é mais agressivo, destruindo mais rapidamente o sistema imunitário. A evolução da infeção é, em geral, mais rápida nos infetados por VIH-1, comparativamente aos infetados por VIH-2. O período assintomático da infeção (período que decorre entre o momento em que se contrai a infeção e o desenvolvimento da SIDA) é, em média, de 10 anos para VIH-1 e de cerca de 30 anos para VIH-2. Os profissionais de saúde recorrem à extrapolação dos conhecimentos adquiridos para a infeção por VIH-1 e/ou à sua experiência clínica, para colmatar estas dificuldades. No entanto, sendo a infeção por VIH-2 significativamente diferente da infeção por VIH-1 e, por outro lado, sendo Portugal o país da Europa com maior número de casos de infeção por VIH-2, devia haver mais e melhor investimento no seu conhecimento por forma a tratar melhor estes doentes. Existem vários subtipos de VIH tipo 1 - classificados com as letras de A a H - com diferente distribuição e prevalência nas várias regiões do Mundo. Dada a forma de multiplicação do vírus - milhões de viriões são produzidos por dia nas células do sistema imunitário - ocorrem alterações genéticas (mutações), as quais podem ter implicações na eficácia do tratamento. A possibilidade dos dois tipos de VIH coexistirem e multiplicarem-se, em simultâneo, no organismo, conhecida por superinfeção, leva a que os especialistas sejam unânimes em afirmar que todos os portadores de VIH sexualmente ativos, mesmo com relações com outros infetados por VIH, devem usar o preservativo para prevenir a transmissão, dado o risco acrescido do sistema imunitário ser atingido, na mesma altura, por VIH com características e efeitos patogénicos tão diversos. Não existe cura para a infeção por VIH (erradicação definitiva de VIH do organismo) e, ainda, não existem vacinas disponíveis. No entanto, o tratamento para VIH, se rigorosamente seguido (cumprimento pontual da toma da medicação), pode suprimir o vírus em circulação no organismo e atrasar a evolução para a doença por muitos anos. De notar que a má adesão ao tratamento é, também, sempre causa do risco do aparecimento de mutações de resistência aos medicamentos. E o que há para saber sobre a vacina e sobre a cura da infeção por VIH? 1. Atualmente, não existe nenhuma vacina que elimine a infeção por VIH do organismo, em nenhum lugar do Mundo. Contudo, os cientistas estão a investigar candidatos a possíveis vacinas e várias delas já foram testadas em ensaios clínicos com seres humanos, embora sem resultados promissores. 2. Quanto tempo até à cura? Alguns dos mais recentes estudos sobre a cura da infeção por VIH foram apresentados recentemente, numa conferência internacional sobre SIDA. Os estudos procuraram analisar diferentes abordagens para uma possível cura, incluindo:
Há um consenso que estes tratamentos deverão ser utilizados em simultâneo. Os resultados promissores, apresentados em alguns dos estudos, levantaram questões éticas específicas, na medida em que aqueles que viessem a apresentar bons resultados sob terapêutica antiretrovírica deveriam interromper o tratamento para se saber se a cura teria sido alcançada. Um grupo de ética foi criado para acompanhar esta problemática. A este propósito, os responsáveis por este programa de "cura da infeção por VIH" afirmaram que "As barreiras para a cura são maiores do que as barreiras para o tratamento antiretrovírico (no final de 1980). A não ser que haja muita sorte, tal deverá levar mais de uma década." Responsáveis pela tentativa da descoberta da "cura" afirmaram, também, "A área tem avançado com rapidez. Atualmente, não temos a cura, mas temos um melhor entendimento sobre o que precisamos de fazer." 3. Vacinas preventivas contra a infeção por VIH são destinadas prioritariamente a indivíduos não infetados. O objetivo principal será impedir que aqueles que foram vacinados não se infetem com VIH no futuro. Não estando disponível qualquer vacina preventiva, nos Estados Unidos da América, a Agência do Medicamento (FDA) aprovou em Julho de 2012, a utilização de um medicamento já em uso para o tratamento, o Truvada, para a redução do risco da infeção por VHI-1. Este é o primeiro fármaco indicado pela FDA para adultos não infetados e com risco elevado de se infetarem por via sexual. O Truvada, produzido pela Gilead, é um medicamento administrado por via oral que resulta da combinação de dois antiretrovíricos, o tenofovir e emtricitabina. Os peritos da FDA aconselham que a toma do medicamento seja acompanhada de práticas de sexo seguro. Este fármaco foi aprovado para não infetados por VIH, mas que mantêm práticas sexuais com parceiros infetados um conceito conhecido como profilaxia pré-exposição (PrEP). A recomendação é de uma dose diária, tendo em conta que as relações sexuais devem ser o mais seguras possível para reduzir o risco de infeção. Como condição para a sua aprovação, a Gilead está obrigada a recolher amostras para análise das pessoas que contraiam a infeção, enquanto estiverem a tomar Truvada, de forma a avaliar a resistência potencial do vírus ao Truvada. Além disto, as amostras servirão, também, para compilar dados de mulheres que engravidem enquanto estiverem a tomar Truvada, como profilático. No âmbito desta aprovação, a FDA reforçou a importância de garantir, junto aos candidatos à PrEP, de que não se encontram infetados por VIH antes da prescrição do medicamento e realizem o rastreio da infeção por VIH pelo menos de três em três meses. O programa de minimização de riscos associados à aprovação do Truvada inclui, ainda, formação a médicos prescritores para o aconselhamento àqueles indivíduos não infetados, que considerem que devem tomar Truvada como medida profilática. Nos EUA há cerca de 1,2 milhões de infetados por VIH e todos os anos são diagnosticados cerca de 50 mil novos casos. Desde 2004 que a taxa de novos infetados se mantém inalterada. Por isso mesmo, a FDA refere que "novos tratamentos, assim como métodos de prevenção são necessários para lutar contra a epidemia de VIH neste país". ALERT Life Sciences Computing, S.A. Texto reconhecido e validado pelo Prof. Doutor Francisco Antunes, infeciologista do Hospital Santa Maria
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