Para as Pessoas que vivem com o VIH
Quanto tempo tenho de vida?
Desde que, no início dos anos 80, foram reconhecidos, identificados e diagnosticados os primeiros casos de SIDA ou de infeção pelo VIH, que o prognóstico ou a esperança de vida das pessoas infetadas mudou de forma dramática. Nessa altura a maioria dessas pessoas morria poucos meses após o diagnóstico. A primeira grande alteração deu-se com a identificação do agente causador da imunodeficiência, o VIH, e a compreensão do seu mecanismo de atuação na destruição do sistema imunológico o que permitiu, nalguns casos, prevenir, reconhecer e tratar as infeções e as neoplasias que caracterizavam o SIDA. Em meados da década de 80 foi autorizado o primeiro medicamento, o AZT, que demonstrou alguma eficácia no controle da replicação do VIH e, durante os dez anos, seguintes novos medicamentos mais específicos foram permitindo um acréscimo gradual da esperança de vida das pessoas com VIH.
Mas foi em meados da década de 90 que ficaram disponíveis medicamentos que, com uma ação em diferentes fases da replicação do vírus, permitiram desenhar e definir um tratamento altamente eficaz.
Isto não quer dizer, que as pessoas que vivem com o VIH, não possam progredir para SIDA e não tenham um risco de saúde agravado.
Ainda não há cura para as pessoas que vivem com o VIH, mas, com o tratamento anti retrovírico, a esperança média de vida aumentou significativamente, "Os portadores do vírus da sida ganharam mais 13 anos de esperança média de vida na última década graças ao melhoramento dos antirretrovirais. Esta é a conclusão do estudo da equipa de Robert Hogg, do British Colombia Centre for Excellence in HIV/AIDS, em Vancouver, no Canadá, publicado hoje num número especial da revista científica "The Lancet" sobre sida. O artigo diz que se uma pessoa de 20 anos começasse a fazer o tratamento no período de 1996/99 teria em média mais 36,1 anos de vida. Mas se iniciasse o tratamento em 2003/05 a média subiria para 49,4 anos. Um acréscimo superior a 13 anos. Por outro lado, no mesmo intervalo, a mortalidade passou de 16,3 para dez pessoas em cada mil - uma diminuição de 40 por cento." De acordo com um outro estudo, coordenado pela Dra. Margaret May, da Universidade de Bristol e apresentado no 10º Congresso sobre terapêutica da infecção VIH (Tenth Congress of Drug Therapy in HIV Infection), em Glasgow em 2011, que comparou dados da população britânica em geral com dados recolhidos de 17.661 pacientes infetados com mais de 20 anos de idade, entre 1996 e 2008, a infeção pelo VIH ainda afeta a esperança média de vida das pessoas com esta infeção que vivem no Reino Unido. Nesse período, a esperança média de vida entre os pacientes ingleses com VIH aumentou em 15 anos. Este acréscimo deveu-se principalmente aos novos medicamentos antirretrovirais, principalmente se administrados no começo da doença. Segundo a pesquisa, a infeção pelo VIH pode ser considerada uma doença crónica se o tratamento for seguido à risca, embora a esperança de vida entre os doentes seja menor que entre a população em geral. O estudo também mostrou que o grande impacto resulta do início do tratamento no tempo certo. Feito de forma errada, pode resultar numa perda de 15 anos na esperança média de vida. Os valores da esperança de vida continuam, porém, a melhorar. Para as pessoas diagnosticadas em 2006-08 que têm mantido uma contagem de CD4s superior a 200 células, a esperança de vida aos 20 anos é agora igual à da população em geral. |
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