Luís Mendão
EATG-European AIDS Treatment Group H-CAB HCV Community Advisory Board Member of WHO Civil Society Reference Group on HIV GAT - Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA - Pedro Santos Para as Pessoas que vivem com o VIH
Como posso ter a certeza que não infeto ninguém?
Transmissão Sexual Pode eliminar-se ou minimizar-se o risco de transmissão do VIH durante a prática sexual através:
Apesar de poder ser um processo difícil, é bom que as pessoas que vivem com o VIH contem aos seus parceiros sexuais para que ambos possam tomar as precauções necessárias à redução da transmissão pelo VIH.
E, como é que o VIH se transmite através do sexo vaginal:
Se uma mulher seropositiva tiver relações sexuais com um homem sem preservativo, o VIH pode entrar no corpo do homem através de uma ferida no pénis ou através da sua uretra (o tubo que percorrer o pénis) ou através do interior do seu prepúcio, no caso de o ter, claro.
E, através do sexo anal:
Através de sexo oral: Transmissão sanguínea As pessoas que vivem com o VIH que são utilizadores de drogas injetáveis correm forte risco de transmitir o VIH e a Hepatite C a outros utilizadores de drogas com quem partilhem material de uso. A partilha de material de injeção não esterilizado é uma forma com maior probabilidade de transmissão destes dois vírus por via sanguínea. A partilha de seringas e outro material de consumo, como a colher, a carica e água contaminada, tem três vezes mais probabilidade de infetar do que as relações sexuais não protegidas. O uso de material desinfetado em todos os consumos reduz a probabilidade da transmissão mas não a elimina por completo. Os programas de substituição opiácea - como o da metadona e outros programas semelhantes - são formas eficazes de ajudar as pessoas a eliminar a prática de se injetarem e de partilharem todos o mesmo material. No entanto, muitas pessoas não querem ou é-lhes difícil desistir dos consumos injetados. Os programas de troca de seringas, distribuindo seringas e material para injeção esterilizado e recolhendo material usado em contentores seguros, são altamente eficazes e reduzem a transmissão do VIH, quando as pessoas que não conseguem abandonar o consumo de drogas injetável. Também estão disponíveis serviços como as Equipas de Tratamento para Toxicodependentes (ex-CATs) e vários grupos de aconselhamento e de auto ajuda. É claro que, quando se vive com a infeção pelo VIH não se pode doar sangue, plasma ou órgãos devido ao elevado risco de transmissão do VIH.
As transfusões de sangue e hemoderivados Vejam o caso de Portugal e de França. Em Portugal, Leonor Beleza, Ministra da Saúde nos X e XI Governos Constitucionais (1985-90), viu o seu mandato marcado pelo escândalo da infeção com VIH de dezenas de hemofílicos, devido à administração de fator VIII - um derivado do sangue de que necessitam para aumentar o fator de coagulação - contaminado, proveniente da Áustria, sem certificado de garantia e não inspecionado, realizada em hospitais públicos. Um tribunal arbitral criado pelo Governo determinou, só em 1995, que cada hemofílico infetado recebesse, do Estado, uma indemnização de 12 mil contos (na moeda da altura). No entanto, quer a Ministra quer os altos funcionários do Ministério da Saúde envolvidos na compra e autorização da disponibilização do lote infetado, contestando sempre a sua responsabilidade criminal, conseguiram fazer prescrever os processos.
Já em França, e também em meados dos anos 90, no âmbito de um outro escândalo em tudo semelhante, Michel Garetta, ex-diretor do Centro francês de Transfusão Sanguínea, foi condenado a quatro anos de prisão efetiva, o ex-Director-Geral da Saúde francês, a quatro anos de prisão com pena suspensa, e o ex-primeiro-ministro Laurent Fabius, a ex-ministra da Saúde Georgina Dufoix e o ex-secretário de estado Edmond Hervé, são levados a tribunal por decisão do Parlamento francês. Transmissão Ocupacional A transmissão ocupacional (dita nosocomial) ocorre quando profissionais da área da saúde são, em ambiente laboral, contaminados com sangue ou outros fluidos corporais de pacientes infetados pelo VIH. Estima-se que o risco de contrair a infeção após uma exposição percutânea a sangue contaminado seja de aproximadamente O,3%. Os fatores de risco facilitadores deste tipo de contaminação são: a profundidade e extensão do ferimento, a presença de sangue contaminado visível no instrumento que produziu o ferimento, o procedimento que resultou na exposição, o envolvimento de agulha colocada diretamente na veia ou na artéria da pessoa infetada pelo VIH; e, finalmente, o paciente fonte da infeção estar em estado terminal. O uso da zidovudina, após a exposição reduz, aparentemente, a probabilidade de transmissão pelo VIH. Hospitais, centros de saúde e clínicas devem tomar precauções universais para prevenir a propagação de infeções transmitidas pelo sangue. Estas incluem o uso de instrumentos cirúrgicos esterilizados, o uso de luvas, as regras universais de assepsia e a segurança com a eliminação de resíduos hospitalares. Em países desenvolvidos, a transmissão ocupacional é extremamente rara. No entanto, alguns casos continuam a ocorrer em alguns países, desenvolvidos e subdesenvolvidos, quando e onde os procedimentos de segurança não são bem implementados. Os profissionais da saúde só muito raramente se infetam, normalmente por se picarem em agulhas que contém sangue infetado pelo VIH. Muito poucos ficaram infetados por terem uma ferida aberta ou por uma pessoa seropositiva lhes ter espirrado diretamente sobre uma mucosa (por exemplo, os olhos ou o interior do nariz). Há muito poucos casos documentados de pessoas que tenham sido infetadas com VIH por um profissional de saúde. Tatuagens e piercings
Potencialmente, qualquer coisa que permita que o sangue de outra pessoa entre na nossa corrente sanguínea, envolve um risco. Se o equipamento não foi esterilizado antes de fazer uma tatuagem ou colocar um piercing, pode haver um risco significativo de exposição, isso, claro, se a pessoa estiver infetada pelo VIH. Transmissão vertical ou de mãe para filho
O tratamento para reduzir o risco de transmissão de VIH ao bebé durante a gravidez, o parto ou durante a amamentação está disponível às grávidas seropositivas em muitos países, inclusive, Portugal. É muito importante que as mulheres, logo no início da gravidez, procurem informação de um médico sobre essa matéria. Os medicamentos atuais são muitíssimo eficazes na prevenção da transmissão vertical. Quando combinados com outras intervenções, incluindo a amamentação artificial, um ciclo completo de tratamento pode reduzir o risco de transmissão a menos de 2%. Mesmo quando os recursos são escassos, a administração à mãe e ao bebé, de uma dose única de medicamento pode cortar o risco para metade. Uma mulher que saiba que ela ou o seu parceiro é portador de VIH deve, antes de engravidar, procurar saber quais as intervenções que estão disponíveis para que, não só, ela se possa proteger, como proteger o seu parceiro e o seu bebé. Os médicos deverão aconselhar a intervenção mais adequada à situação que lhes surja e, também, ajustar qualquer tratamento que já estejam a fazer ao facto de a mulher ser infetada pelo VIH. Uma coisa muito importante é estar bem informado(a) e não acreditar nos mitos que cercam o tema da transmissão da infeção pelo VIH. Os mitos e as falsas crenças podem trazer graves prejuízos para a vida das pessoas que vivem com a infeção, aumentando-lhes o medo, o estigma e a discriminação. |
|