Prevenção
Tratamento antiretrovírico
Prevenção transmissão vertical mãe-filho
A publicação do estudo PACTG 076, em 1994, documentando uma redução de cerca de 70% da taxa de transmissão materna do VIH, após o tratamento com zidovudina da mulher grávida e do seu filho, e os progressos registados no conhecimento da patogénese da transmissão materna do VIH-1, nomeadamente de que esta ocorre fundamentalmente no peri-parto, o reconhecimento da influência, provavelmente decisiva, da carga vírica materna e a repercussão positiva da cesariana eletiva vieram reforçar a importância do diagnóstico da grávida infetada pelo VIH. A identificação da gestante infetada e o seu acesso a uma intervenção terapêutica adequada são fundamentais para diminuir o risco de transmissão mãe filho. Os avanços entretanto alcançados no conhecimento da patogénese, tratamento e monitorização da infeção pelo VIH-1, permitiram a formulação das atuais recomendações de terapêutica antiretrovírica, em esquemas associando vários fármacos, com o objetivo de obter a supressão da replicação vírica, minimizar o aparecimento de resistências e preservar/reconstituir o sistema imunitário. O benefício resultante da aplicação destas recomendações terapêuticas em adultos infetados é comprovado pela redução da morbilidade e da mortalidade associadas a doença VIH, que se traduz na diminuição da incidência de infeções oportunistas e no aumento significativo da sobrevida. Consequentemente, é fundamental que a mulher seja conhecedora do seu estado em relação a infeção pelo VIH, para que lhe seja possível:
Esta informação é ainda decisiva para o diagnóstico precoce da infeção VIH no recém-nascido. Como é que funciona a PPE, em Portugal? Em Portugal as "Recomendações Portuguesas para o Tratamento da Infecção VIH/SIDA" recomendam as orientações seguintes, cujo conteúdo é da responsabilidade da Coordenação Nacional para o VIH/Sida e não dispensam a leitura do documento na íntegra. 1) Gestante sem tratamento anti retrovírico prévio
No mínimo, para diminuir o risco de transmissão vertical deverá ser administrado o esquema de profilaxia com AZT na gestação, em perfusão durante o parto e, ao recém-nascido, nas primeiras 6 semanas. A aquisição de novos dados demonstrando a segurança e eficácia da terapêutica anti retrovírica combinada na gestação levaram à recomendação atual de instituir terapêutica combinada com três fármacos em mulheres gràvidas com carga vírica> 1.000 cópias/ml, independentemente do seu estado clinico ou imunológico. 2) Gestante submetida a tratamento anti retrovírico iniciado antes da gravidez Incluir sempre que possível o AZT no esquema terapêutico, em substituição de outro NITR eventualmente utilizado. Com os dados disponíveis, na mulher já submetida antes da gestação a tratamento com AZT, mesmo que prolongado, parece persistir a sua eficácia na diminuição do risco de transmissão vertical. A transmissão vertical de vírus resistentes ao AZT parece ser pouco frequente ? vírus com mutações conferindo baixo grau de resistência podem ter menor infecciosidade e, mesmo em mães portadoras de vírus com elevada resistência ao AZT, a transmissão materna pode não ocorrer. Contudo, devem ser considerados os resultados dos testes de sensibilidade aos anti retrovíricos, de modo a otimizar o tratamento.
O conhecimento dos resultados dos testes de sensibilidade aos anti retrovíricos pode ser especialmente importante em gestantes com infeção primária pelo VIH, nas mulheres com replicação vírica persistentemente detetável no decurso de tratamento triplo e nos casos de risco significativo de serem portadoras de vírus com resistência aos fármacos, quer por elevada prevalência na comunidade, quer pela existência de vírus resistentes no parceiro sexual ou noutra fonte conhecida de infeção. Atualmente, não esta esclarecido qual o melhor esquema de tratamento para prevenção da transmissão vertical nos casos de gestantes com vírus resistentes ao AZT. Este devera ser administrado intraparto e no período pós-natal, independentemente do esquema terapêutico previamente utilizado. 3) Gestante em trabalho de parto, sem tratamento prévio Varias opções de tratamentos são possíveis, administrando:
a) AZT durante o parto e ao recém-nascido durante 6 semanas. 4) Recém-nascido cuja mãe infetada não teve qualquer tratamento prévio
Administrar o AZT durante 6 semanas, iniciando o tratamento nas primeiras 6-12 horas de vida. E pouco provável que o inicio da profilaxia após as primeiras 48 horas tenha alguma eficácia na prevenção da transmissão materna do VIH. Orientação pós-parto e diagnóstico precoce da transmissão vertical
Vigilância materna Vigilância do recém-nascido
Todas as crianças com exposição perinatal ao VIH devem ser tratadas nas primeiras 6 semanas de vida com zidovudina por via oral, com vigilância de eventual toxicidade hematológica. Diagnóstico da transmissão vertical do VIH
A presença na criança nascida de mãe infetada pelo VIH dos anticorpos maternos obtidos por transferência transplacentaria, que podem persistir até aos 18 meses, invalida o diagnóstico de infeção da criança abaixo desta idade. É pois indispensável recorrer a exames virológicos para diagnóstico, os quais são habitualmente realizados nas primeiras 48 horas de vida - se positivo indica transmissão do VIH in utero, aos 14-21 dias, 1-2 meses e 3-4 meses. |
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